Abro os olhos e sinto o corpo perto de mim. O leve suspirar quando se vira e se aconchega. Ouço o vento na janela, vento frio que chia por entre as pás da jealousie. Meu braço sobre sua cintura, envolvido num quente abraço. Que gostoso, penso eu, esse friozinho. Pés gelados, brincadeira feita por amigos, não existem.
A sonolência me pega de novo... sinto o corpo pesado, preguiçoso. Acaricio seu rosto de leve, muito de leve, não quero ver olhos abertos. Eu os quero assim, fechadinhos, inocentes, de anjo. Sorrio, um sorriso bobo, de quem não quer que o tempo passe, de quem não ouve o mundo despertar lá fora. Os primeiros raios da manhã já inundam as frestas das portas e janelas e eu me recuso a acreditar que daqui a pouco todos os sons vão quebrar essa paz.
Vislumbro um sorriso em sua boca. Maroto sorriso, mas de quem ainda sonha. Com quê sonha? Ou debocha dos meus olhos vidrados no seu corpo que arfa devagar, num sono profundo? Quero abraçar, beijar, amar... mas não quero irromper em seu sono tranqüilo, mavioso como rio calmo. Não quero ser tormenta, mas brisa quente sobre seu corpo nu recostado ao meu.
Bom dia... que mais seria?