Desarticulado

Como a maioria dos brasileiros, sou bem desligado da política do meu país. Porém, a diferença, é que me envergonho bastante disso. Por não acompanhar nos jornais o andamento de muitas coisas. Por não lembrar em quem votei para vereador ou deputado na última eleição (lembro apenas da Soninha, que não foi eleita). De pensar que o país caminha à revelia daqueles que entendem e dominam o assunto e eu, pobre mortal, não consigo acompanhar. E as convicções que ainda acho que tenham ficam perdidas num emaranhado de jogos de poder que me incomodam, me deixam de certa forma paralizado, pois muito do que eu acreditava (e acho que ainda acredito) está sendo paulatinamente manchado em notícias de jornal, em comentários de amigos e pela imprensa em geral.

Temo, muito, de que eu me depare com a alienação política, movida pela descrença no meu candidato, que hoje é presidente da República. Sim, eu votei no Lula e não me envergonho disso. Acreditei na esperança, na estrela. Mas daí a lógica me faz pensar que algo não está correndo como o meu voto esperava, a avalanche cada vez maior de escândalos nas mãos de pessoas que antes eram tidas como de idoneidade irreprochável. Quanto ainda terei que me desiludir? Às vezes peço para que eu me desiluda logo e largue mão de caçar cacos de notícias esparsas ou pequenos dossiês jornalísticos tendenciosos. Pois sei que eles também não me iluminarão ao que desejo.

Não deveria ser um jogo apenas. É a vida e o destino do país que está nas mãos de jogadores profissionais, politiqueiros de mão cheia, de lobbistas e articulistas. Nas mãos dos jornalistas iracísveis, que permeiam e perpetuam o ódio contra os partidos da posição, ainda mais quando esses partidos são de tendência esquerdista. O que importa é o quanto entra de dinheiro e o quanto se é influente. Enquanto isso, crianças morrem em hospitais às pencas.