Então é Natal...

Jingle Bells, Jingle Bells... 
É minha gente, apesar de não ser dia 25 de dezembro ainda, chegou o Natal. O espírito de Natal, com toda sua bondade e condescendência, paira sobre todos nós. 
Mas só paira, não se atreve a descer, principalmente nas regiões onde o festival de luzes e consumo tira o lugar do verdadeiro sentido do Natal. São tantas luzes que ficamos cegos ao que acontece à nossa volta: aos mendigos que são expulsos da Paulista para não estragar a beleza do espetáculo. À sujeira que se acumula em meio às milhares de pessoas perambulam na Paulista para apreciar o show de projeção do MASP, a decoração sempre suntuosa do ABN Real e a (nesse ano) decoração mais simples do Itaú Personalité. Entre as canções natalinas entoadas por caixas de som chiadas rodopiam cheiros dos mais diversos: pipoca, tapioca, milho, o que dá um tom de festa junina.  
Pois é, comercializemos as luzes, já que dentro de nós ainda reina a escuridão. Já que em cada um de nós a sinceridade não pode ser plena e nessa época tão estranha , na qual os abraços são mais fortes, mais calorosos, não possamos continuar sendo nós mesmos, tendo que vestir a máscara da bondade e da compreensão. Quando é que o espírito de renovação, de paz e de união entre os homens descerá de verdade entre nós e nos preencherá com a alegria verdadeira? Quando não ouvirmos mais que nossa vida e nossa sanidade dependem de números e cálculos de bolsas de valores em diversos países. Quando não precisarmos esconder nossos bens para podermos transitar em qualquer lugar. Quando não mais ouvirmos que ainda assassinam pessoas (e muitas pessoas) pela sua orientação sexual, religiosa ou política.  Quando pudermos confiar nas pessoas, como antes se confiava. 

São tantos "quandos" quantas são as luzes que iluminam o Natal. E meu maior medo é que o ser humano se apague tão rápido quanto elas no dia de Reis.