Confluências: Arnaldo Jabor deu uma dentro


Finalmente o Arnaldo Jabor deu uma dentro e tudo que escreveu hoje em sua crônica do Estadão vem de encontro a uma conversa que tive regada a vinho e mergulhada em queijo de fondue com a Karla, da Naja Cuspideira sobre um filme chamado A Experiência (se pensou naquele filmes de alienígenas verdinhos, esqueça. É um filme alemão, suspense psicológico dos bons) e sobre como não existe o fruto podre, mas sim temos dentro da gente a maçã boa e a maçã ruim e depende tanto da gente quanto do ambiente que nos cerca qual fruto amadurecerá. Na verdade, nossa conversa não rumou por essa vereda, mas a matéria da revista piauí! que ela me enviou e comenta a experiência feita pelo professor de psicologia da Universidade de Stanford, Philip Zimbardo, em 1971, que consistia na verificação de comportamento entre civis submetidos às condições de prisioneiros e carcereiros. Uma universidade alemã fez um experimento parecido, que foi a base do filme A Experiência e, em ambos os casos (nos EUA e na Alemanha), os resultados foram tragédias. Toda a violência aflorou de forma beligerante.E aí entra o Jabor. Como? Sua crônica de hoje sobre o 6 de agosto de 1945, dia no qual teve início os bombardeios de Hiroshima e Nagazaki, a maior e mais rápida devastação da História encarada, incrivelmente, como menor do que o shoá (como é conhecido o genocídio sofrido pelo povo judeu, pois holocausto é o sacrifício religioso hebreu) e, se pensarmos bem, é apenas mais "clean", pois não houve tortura, nem experiências médicas. Tudo feito em segundos, milhares de pessoas transformadas em pó com a explosão, sem sujeira. A frieza e o mal é o mesmo... E hoje ainda se estocam bombas nucleares, várias (de acordo com Jabor) estão sendo recauchutadas para ficarem em ponto de bala (sem trocadilho) e oferecerem maior proteção aos EUA. Uma das perguntas do cronista que me levou a pensar bastante sobre o assunto "maldade" é: por que ter sonhos, esperanças, se as potências atômicas têm força bélica para destruir o planeta 40 vezes? E daí surgem outras perguntinhas: dá para escapar do niilismo vendo a besta apocalíptica (agora sim, trocadilho) do Bush ter nas mãos o telefone vermelho que pode implodir o Planeta Água numa questão de segundos? Será que Marte e outros planetas que poderiam ser habitados já tiveram seus Osamas-Bin-Laden? Será que Einstein ainda tem algum cantinho pra se revirar em seu túmulo, depois de tantos descalabros feitos a partir de suas teorias pacíficas e científicas? E o humano, hoje é mais pedra que humano? É mais desumano que qualquer outro ser? Infelizmente não dá para esperar respostas positivas, vemos no Brasil também a destruição moral de um povo que luta tanto para sobreviver com tão pouco, que batalha e dá a cara pra bater a cada regente que elege, que tem muitos motivos para chorar amargamente e ainda sorri. E a esperança? Sobra ainda um frangalho do lábaro que nos traz o sabor de Pátria Amada? Bem, na minha opinião, tá bem difícil...