Estar só

Cada vez mais em Sampa percebo uma tendência: não se sai sozinho. Independente do que se faça, uma companhia é sempre bem0-vinda e, em muitos casos, não se prescinde dela. Em tempos de individualismo e solidão, as pessoas buscam seus pares e confesso, essa crítica se estende a mim próprio, visto que também não deixo de ter alguém por perto.

No entanto, não me privo de absolutamente nada por conta de não ter alguém comigo. Diferente da solidão, o estar só é muito saudável. Alguém me disse, certa feita, que ter prazer no estar só é um avanço e, se a gente não consegue, é por que nem a gente mesmo se agüenta. Há um tempo, após muitas atribulações em minha vida, decidi que precisava me conhecer melhor. Uma baladinha aqui, um cafezinho aqui e pronto, percebi o quanto estar só é menos doloroso do que se pensa e, muitas vezes, até melhor.

Ao meu ver, o estar só não deve ser uma imposição, nem sinônimo de tristeza ou solidão. Deve ser uma escolha naquele momento em que você precisa de um espacinho para se enxergar, se curtir. Na minha opinião (meio insana às vezes), quando se pode, é bom estar só. Não tema botar a cara na rua sozinho(a), não lide com o estar só como se houvesse um vazio ao seu lado. Não dê importância aos olhares piedosos ou compadecidos com sua aparente solidão. Sorria, mas sorria com o coração, como faço agora ao escrever esse texto, sozinho, num café no meio da barulhenta e solitária São Paulo. E saiba que sozinho você nunca está.