Adônis não sabia muito o que fazer. Ao mesmo tempo que a idéia lhe parecia fantástica, a aventura não era dos maiores prazeres dele. Gostava mesmo era de estabilidade, de ter chão para poder caminhar, e ir para São Paulo significava largar todo o pouco que havia construído naquela cidade. Com seu salário já havia comprado uma moto e com ela passeava pelas estradas das cidades vizinhas, o vento no rosto e a paisagem bastavam para deixá-lo feliz.
"Paisagem linda e cheiro de bosta de vaca" reclamava Miriam na garupa da moto.
Não agüentava os comentários de Miriam. E o que mais o irritava: Miriam também era do interior, de uma cidade não muito distante dali, a qual ele a levava às vezes para visitar familiares. Mas não sabia mais viver sem seus olhos amendoados e sem o muxoxo quando ele não queria lhe dar algo. Sabia apenas que viver com ela seria bastante difícil, mas era homem de palavra e iria cumprir o prometido. E poucos meses depois, Miriam e Adônis trocaram alianças na frente do padre Milton, na igrejinha da praça. Em seguida, logo depois da lua-de-mel, partiram da pequena cidade, em direção daquilo que não aguardavam...
(Continua)