1970 - Brasil campeão e muita repressão

Algumas pessoas já me disseram, em tom jocoso, que preciso mudar o nome do meu blog para algo relacionado a cinema, pois eu não falo de outra coisa. Sempre gostei de cinema, mas diversas circunstâncias que não convém rememorar agora me tiravam das trilhas das salas de projeção e perdi bastante tempo fora do circuito dos que gostam de cinema. Quem leu minhas resoluções de ano novo sabe que uma delas é ir ao cinema ao menos uma vez por semana e tenho cumprido ipsis literis minha decisão, complementando, claro, com os DVDs alugados na pequena, mas ótima locadora que fica na rua Augusta (a Concorde Locadora).

Agora, tirando mesmo o atraso, assisto tudo que posso. Por exemplo, depois do pesado e polêmico Tropa de Elite na quarta-feira, travei contato com algo mais leve, mas não menor nem pior, chamado O ano em que meus pais saíram de férias (clique para ver o site oficial do filme). Direção bela de Cao Hamburguer (aquele do Castelo Rá-Tim-Bum e de outras peripécias infanto-juvenis) e com um ótimo elenco, com destaque para o menino Michel Joelsas, que interpreta o protagonista Mauro, e Germano Haiut, o velho Schlomo.

O pano de fundo de toda história é o ano de 1970, quando o Brasil passava por dois momentos históricos: a Copa do Mundo no México, na qual conquistou o tricampeonato, e o pico da repressão na Ditadura Militar, que desfazia famílias, separava pessoas, exilava e "desaparecia" com os que lutavam pela liberdade. Em Belo Horizonte, um casal precisa fugir às pressas por seu envolvimento com grupos comunistas. Mauro, o rebento do casal, é um menino apaixonado por futebol e sua preocupação não está nas férias de seus pais, mas sim que o pai esteja ao seu lado quando o Brasil ganhar o campeonato mundial. Mauro é deixado com seu avô, porém algo inexperado acontece com Mótel, o velho barbeiro avô do menino e este é amparado pelo velho judeu e solitário Schlomo. A convivência entre eles, difícil em seu começo, torna-se o principal motivo para eles terem esperanças e amadurecerem. À espera de um telefonema de seus pais, Mauro descobre o início da adolescência, o primeiro amor e como ser gente grande.

Prepare os lenços de papel e o coração para ver esse filme. Vale muito a pena.