Passeios semanais a livrarias são programas obrigatórios para mim, pois uma coisa que eu amo desenfreadamente são os livros. E cada vez mais as pessoas descobrem nas livrarias espaços de diversão, contrariando a aversão incutida em nossas cabecinhas quando no Ensino Fundamental (na minha época, Primeiro Grau) enfiavam-nos Coleções Vagalume (maravilhosa e relançada) goela abaixo e, no Segundo Grau (ou atual Ensino Médio), nos castigavam com Aluísio Azevedo, Machado de Assis e congêneres (que apenas descobrimos gênios mais tarde, quando descobrimos, não é?). Vejo hoje gente de todas as idades e com diferentes níveis culturais se embrenhando nas veredas às vezes tranqüilas, às vezes turbulentas da literatura. Com muito gosto vejo essa [r]evolução nos brasileiros, que ainda leiamos tão pouco (em média 4,7 livros por ano).
E me espanto com a quantidade de best sellers que se produz atualmente. São pilhas de mais vendidos aqui e ali, com pôsteres, cartazes e chamarizes de todos os tipos para aqueles que todos lêem. Uns caçam pipas, outros fazem mágica, outros ainda procuram pelo Santo Graal ou andam quilômetros por um deserto espanhol, em meio a bruxos e outros males. Uns bem escritos, outros nem tanto. E a caixa registradora tilinta, enchendo as burras das editoras, com a premissa de tornar os leitores mais inteligentes. Será?
Independente da leitura, antes duas horas de Dan Brown por dia do que cinco de novela das 8. Antes 1 horinha de monges executivos subindo o monte Everest do que mais de 4 horas de Faustão aos domingos. Torço que os bons ventos da literatura sejam cada vez mais possantes, que as editoras antigas possam renovar seus catálogos, melhorar e reduzir o preço dos livros (o que ainda é um revés na hora da decisão de compra para a maioria das pessoas) e as editoras pequenas possam ousar mais e trazer para nós a verdadeira literatura. Pode ter best seller, mas que sejam good best sellers.
Originalmente publicado em Os Bloguistas