A vida em literatura e o viver de literatura nos dias de hoje é um assunto que permeia muitas páginas e discussões e assombra quem realmente tem como o ofício da escrita sua profissão. O verdadeiro valor da literatura vem de encontro ao lucro obtido com a cultura, que antes era detestado por quem possuía amor à arte e hoje, em tempos globalizados, é fonte de renda de muitos artistas. Em vista disso, o dramaturgo Fernando Bonassi traz em seu monólogo Literatura Contemporânea um retrato do escritor moderno, aquele que tem como ferramenta a palavra e sua para ganhar seu pão. Se por um lado o acesso à cultura é maior, mais amplo e "irrestrito" (entre aspas mesmo, pois ainda há a idéia de cultura como algo nobre, que não está à mão das classes mais baixas), por outro lado o senso de novidade se esvai por entre os dedos dos artistas contemporâneos, angustiando aqueles que precisam trazer a tal novidade à cena.
O ator César Figueiredo cumpre bem a função de representar o escritor agoniado com sua condição de "escritor contemporâneo". Desfia as situações ideais, as aparências, e as desmantela em seguida com a realidade daquele autor em decadência. De suas convicções políticas, de sua crença social sobra pouco ou nada, de suas boas intenções sobram apenas lembrançase hoje, na crueza do mundo que se destrói aos poucos à vista dos artistas, enredados por aquilo que abominam. Derrubando sutilmente a "quarta parede", dialoga com a platéia atenta aos movimentos do ator-autor em cena, que quebra o limite palco-platéia para esmiuçar ainda mais as tristezas do escritor em crise, em busca do texto que vai salvar mais um dia de corda no pescoço.
Serviço: Literatura Contemporânea, de Fernando Bonassi. SESC Avenida Paulista, Espaço Provisório do 13º andar. Até 21 de setembro, às 20h00. De R$5,00 a R$20,00. Confiram também a Comideria do SESC, no 15º andar, para ter uma visão privilegiada da Paulista e comer um pãozinho de tapioca maravilhoso.
O ator César Figueiredo cumpre bem a função de representar o escritor agoniado com sua condição de "escritor contemporâneo". Desfia as situações ideais, as aparências, e as desmantela em seguida com a realidade daquele autor em decadência. De suas convicções políticas, de sua crença social sobra pouco ou nada, de suas boas intenções sobram apenas lembrançase hoje, na crueza do mundo que se destrói aos poucos à vista dos artistas, enredados por aquilo que abominam. Derrubando sutilmente a "quarta parede", dialoga com a platéia atenta aos movimentos do ator-autor em cena, que quebra o limite palco-platéia para esmiuçar ainda mais as tristezas do escritor em crise, em busca do texto que vai salvar mais um dia de corda no pescoço.
Serviço: Literatura Contemporânea, de Fernando Bonassi. SESC Avenida Paulista, Espaço Provisório do 13º andar. Até 21 de setembro, às 20h00. De R$5,00 a R$20,00. Confiram também a Comideria do SESC, no 15º andar, para ter uma visão privilegiada da Paulista e comer um pãozinho de tapioca maravilhoso.