Evoluções

Ontem, na aula de adaptação e roteiro do Prof. Luiz Roberto, no Curso de Formação de Escritores, assistimos a diversos trechos do filme Madame Satã, inclusive àquela do sexo entre o Madame e Renato. Junto com o professor, durante o filme, analisamos a questão artística do filme que, a primeira vista, parece apenas revelar algumas das misérias humanas com um de seus estandartes no Brasil dos anos 30, João Francisco dos Santos, vulgo Mme. Satã. E nesse momento de análise e concentração me dei conta de como mudei de uns anos para cá: já havia assistido o filme, inclusive no cinema, e achado a tal cena escandalosa e desnecessária. Ontem, acho que mais amadurecido (sim, seis anos fazendo a diferença na minha pessoa) achei a cena tão necessária como bela plasticamente, o contraste do branco com o negro no cinzento do quarto, entre sombra e luz, algo barroco. Isso me fez pensar nas mudanças ocorridas comigo nos últimos dois, quando minha vida deu tantas voltas e reviravoltas e, apesar de tudo, sobrevivi de forma honesta com todos ao meu lado. Reconquistei amigos, fiz muitos outros novos, me livrei de pesos e cargas,  que me faziam mal, assumi outros pesos, esses mais prazeirosos, tornei-me mais independente, responsável, carinhoso e alegre. E isso também mudou todo o meu jeito de ver o mundo e seu produto mais próximo e patente: a arte. Por isso agora estou com vontade de rever muita coisa, reler outras tantas e experimentar as experiências com artes do passado como se não houvessem passado ainda. Acredito que essa revisitação ao que antes eu experimentava mais ingênuo agora será de grande valia pro meu desenvolvimento como artista diletante. Então, já estou fazendo a filinha das antigüidades, mas sem deixar que o novo se instale e me mostre que há muito o que fazer e por fazer. Mãos à obra!