A Torre

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Daqui eu vejo sim a torre Tão alta e imponente a torre que me dá medo angústia algo de não sei o que A torre sim a torre onde se encastelam os segredos onde não chegam fracos apenas aqueles que são a dedo escolhidos chegam na torre Sim tão alta a torre e tão cruel com seus tijolos a mostra dum vermelho encarnado talvez o mesmo vermelho que tinge suas noites de vinhos e orgias e seus dias de torturas e misérias Mas na torre há também conhecimento muito conhecimento na sua biblioteca vasta e tão variada

Daqui eu vejo sim a torre e temo Temo que ela me engula ou me estrangule com suas correntes e argolas Fujo dos seus olhos enormes que tudo vêem São os sentinelas da torre tão alta imponente e castradora que não me permite dar um único passo sem prestar contas de cada gesto de cada suspiro de cada ida ao banheiro Qual a cor da bosta pergunta a torre Que cheiro tem seu mijo pergunta o sentinela Quer saber o que como o que bebo o que visto e o que falo e com quem gozo e quem amo e quem odeio Eu odeio a torre e tão somente a torre

Daqui eu vejo sim a torre e quando ela menos esperar haverá bombas embaixo dela e haverá invasão e haverá terror Tememos a torre e por isso temos que derrotar a torre tão alta e imponente colocá-la abaixo com rapidez antes que ela tome nossa alma para si e cresça mais mais e mais imponente Hoje eu começo com a luta contra a torre Preciso ser cauteloso ter ao meu lado as pessoas certas e arquitetar tudo sem que ela perceba a alta torre imponente que vejo e temo Pois se ela me descobrir se imaginar que minha minha história depende de vê-la aos meus pés minha vida pode ou mais ainda terá seu derradeiro ponto final.

(Pequena experimentação de liberdade.)