Num copo

Derramado o líquido cristalino,
a chuva que castiga o asfalto quente,
o morno mormaço em volutas rebeldes
despregadas do chão como pequenos
                                                   fantasmas.

O fim da chuva traz o alívio aqui,
da mãe que se arrasta contra o córrego arredio
Com um filho no colo e outro no  ventre.

Quando lá ela finda, faz o choro
incontido manchar o rímel barato da
puta na estrada seca.

(Publicado originalmente em Letras e Vozes.)