Estatua de E.T.A. Hoffmann, em frente ao teatro que leva seu nome, em Bamberg.
E.T.A. Hoffmann (1776-1822) é um dos maiores nomes da literatura alemã e considerado um dos mestres mundiais da literatura fantástica. Apesar de sua formação jurídica destinada à magistratura, desde muito cedo mostrou aptidões para as artes. Quando liberado de suas funções de magistrado (quando da queda da administração prussiana), fixou-se em Bamberg e começou a se dedicar exclusivamente à literatura e às artes. Em seguida, passando por Dresden e Leipzig, morou em Berlim, época na qual entrou em contato com os Românticos. Por motivos financeiros, voltou ao exercício da magistratura, mantendo sua arte em todo o seu tempo livre. Pintura, crítica, dramaturgia, além de trabalhos como direção teatral, de orquestra, decoração e cenografia estavam entre suas atividades artísticas. Seus trabalhos mais importantes são O homem de areia, O vaso de ouro, Contos dos irmãos Serapião e os contos de fadas mundialmente famosos como Quebra-Nozes e o Rei dos Ratos.O Quebra-Nozes e o Rei dos Ratos
A Noite de Natal
No dia vinte e quatro de dezembro, os filhos do médico Stahlbaum não podiam entrar durante todo o dia na sala de visitas intermediária, muito menos no magnífico aposento que dava de frente para ela. Fritz e Marie estavam sentados, encolhidos em um canto do quartinho dos fundos, a profunda luz crepuscular havia irrompido e eles estavam amedrontados, pois nenhuma luz havia sido acendida como era de costume naquele dia. Aos sussurros, Fritz revelou secretamente à sua irmã mais nova (ela havia acabado de fazer sete anos) como ele ouvia, desde muito cedo, murmúrios e estalidos nos aposentos fechados, além de pancadinhas. Não muito antes, um pequeno homem escuro com uma grande caixa debaixo do braço se esgueirou pelo corredor, mas ele bem sabia que não era ninguém mais que o padrinho Drosselmeier. Maria, feliz, juntou suas mãozinhas numa palma e gritou: "Ah, que coisas bonitas será que o padrinho Drosselmeir nos trouxe?" *
* Nußknacker und Mausekönig
Der Weihnachtsabend
Am vierundzwanzigsten Dezember durften die Kinder des Medizinalsrats Stahlbaum den ganzen Tag über durchaus nicht in die Mittelstube hinein, viel weniger in das daran stoßende Prunkzimmer. In einem Winkel des Hinterstübchens zusammengekauert, saßen Fritz und Marie, die tiefe Abenddämmerung war eingebrochen und es wurde ihnen recht schaurig zu Mute, als man, wie es gewöhnlich an dem Tage geschah, kein LIcht hereinbrachte. Fritz entdeckte genz insgeheim wispernd der jüngern Schwester (sie war eben erst sieben Jahr alt worden), wie er schon seit früh morgens es habe in den verschlossenen Stuben rauschen und rasseln, und leise pochen hören. Auch sei nicht längst ein kleiner dunkler Mann mit einem großen Kasten unter dem Arm über den Flur geschliechen, wer wisse aber wohl, das es niemend anders gewesen als Pate Droßelmeier. Da schlug Marie die kleinen Händchen voll Freude zusammen und rief: "Ach was wird nun Pate Droßelmeier für uns Schönes gemacht haben."