Pequenas Traduções - Judith Hermann


Vermelho Coral
Minha primeira e única consulta a um terapeuta me custou o bracelete vermelho de corais e meu amado.
O bracelete vermelho de corais era russo. Para ser mais exata, vinha de São Petersburgo, tinha mais de cem anos, minha bisavó o levava no braço esquerdo depois de ganhá-lo, e por ele meu bisavô perdeu a vida. Será esta a história que desejo contar? Não estou certa. Não mesmo: (...)* 
A autora alemã Judith Hermann foi considerada um dos expoentes da nova literatura alemã. Sua curta produção (lançou até agora dois livros, Sommerhaus, später, de 1998 e Nichts als Gespenster, de 2003) conseguiu notoriedade pelo seu primeiro livro, porém a recepção do segundo não alcançou o sucesso esperado. Estudante de Germanística e Filosofia, desistiu para cursar Jornalismo, quando se mudou para um estágio em Nova York. Lá descobriu seu estilo, o Erzählung, o conto, a história curta, concisa, densa. Seu livro de estréia, de acordo com os críticos, representava o "som de sua geração". Por sua vez, Nichts als Gespenster, livro no qual as histórias ficaram mais longas e se passam em diversos locais do mundo, foi recebido com pouco entusiamos pelo público e classificado pela crítica como literatura pop, no pior sentido da palavra. Judith Hermann tem um conto traduzido para o português na coletânea Escombros e Caprichos: O Melhor do Conto Alemão, organização do tradutor Marcelo Backes (Ed. LP&M).
  
*Roten Korallen 
Mein erster und einziger Besuch bei einem Therapeuten kostete mich das rote Korallenarmband und meinen Geliebten.
Das rote Korallenarmband kam aus Rußland. Es kam, genauer gesagt, aus Petersburg, es war über hundert Jahre alt, meine Urgroßmutter hatte es ums linke Handgelenk getragen, meinen Urgroßvater hatte es ums Leben gebracht. Ist das die Geschichte, die ich erzählen will? Ich bin nicht sicher. Nicht wirklich sicher: (...)