Coisa de pele

Como todo filme alternativo - e isso não é sinônimo de filme bom, diga-se de passagem -, A Massai Branca (Die Weiße Massai, Alemanha, 2005) ficou pouquíssimo no circuito comercial paulistano, dando lugar a algum blockbuster ou coisa que o valha. E quando chegou, já veio com uma defasagem de quase 2 anos de seu lançamento na Alemanha, em 2005. Assim, consegui encontrá-lo numa boa locadora e enfrentei os 126 minutos baseado da história real de Corinne Hofmann (no livro "A massai branca", Geração Editorial, Trad. de  Marco A. Schaumloeffel), que no filme recebeu o nome de Carola Lehmann (Nina Hoss), suíça e noiva há dois anos que, numa viagem com o futuro marido para o Quênia se apaixona perdidamente por um guerreiro Massai, Lemalian (Jacky Ido) e resolve abandonar seu mundo europeu pequeno burguês e se embrenhar na tribo daquele que ela acreditou ser o homem de sua vida. 
Dois dias pensando no filme, comovido ainda pelo relato da mulher que largou tudo por conta do amor por um desconhecido, coisa de pele mesmo, química. Talvez uma dose de fantasia (Laune), de realizar desejos ardentes. Porém, a decisão foi radical e totalmente dela. Apesar de todo o sofrimento que Carola passa, ela tinha como prever (o encontro com o padre italiano é um dos sinais de que sua escolha talvez pudesse não ter sido a mais acertada) todas as agruras de sair de uma vida confortável, culta e bem-sucedida para o meio de uma cultura tão diferente da dela. E já que ela aceitou o desafio, que o tivesse encarado por inteiro. 
Talvez eu pareça meio radical, mas é exatamente o que acontece hoje com a nossa natureza: o homem moderno, cheio de razão como sempre é e de fantasias que o deixam irrequieto, resolve se embrenhar na mata, cortar um pouco aqui, um pouco ali, mudar, fazer uma estrada, construir lindíssimas e poluidoras fábricas etc. Algumas centenas de anos depois, um maremoto, um vulcão em erupção, chuvas que inundam cidades e desastres cada vez maiores começam a acontecer, pois não se respeitou o limite daqueles que nasceram ali. 
De qualquer forma, o filme é muito bonito e bem feito. Vale, realmente, a pena.

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