Difícil

Como anda difícil escrever. Nem por falta de tempo, esse tenho tido um pouco, mas por falta do quê. Época de bovinos fêmeas esquálidos entre meus neurônios gastos. E ainda com obrigações da viagem (fazer o quê, há de se pagar de alguma forma) e de casa e do trabalho castrador e de tudo mais. 

Daí também tem outra coisa: acho que nada vai ficar interessante aqui. Que meu leitor não vai gostar de meus novos escritos, que vai achar bobo ou brega. Se estou sendo cruel comigo mesmo, talvez. Só não tenho coragem e, quando encontro, o texto para pela metade. 

Acho que vou entrar para aqueles concursos de textos interminados (e intermináveis). Acho que uma editora francesa que promove. Quando chega no Brasil?
Poderia falar do livro que acabo de ler, que é bem interessante, mas a tradução ficou aquém: O fundamentalista relutante (Alfaguara, Trad. Vera Ribeiro), uma história entre tantas sobre o 11 de setembro. Mas do ponto de vista de alguém do Oriente Médio para alguém do Ocidente, o que torna interessante a longa conversa de Changez com seu interlocutor americano em plena Lahore, Paquistão. 


Mas nem sobre isso eu consigo falar. 


Um deserto. Assim classifico minha cabeça. 

Todas as vezes que me manifesto assim, com pesar sobre minha condição de fonte seca, começam a brotar coisas. Sándor Márai também deve ajudar nesse processo. E cursos e encontros com amigos criativos pra caralho. 

Bem, fica aqui o desabafo.