O homem do peito listrado

O homem do peito listrado passeava tranquilo pela praça e ninguém imaginava como era diferente. Ele se misturava às pessoas que o cumprimentavam com bons-dias às vezes sisudos, muitas vezes efusivos, pois era belo o homem de peito listrado. Mas quando ele tirava a camisa, todos se horrorizavam e tinham nojo, não se aproximavam e isso entristecia muito o homem de peito listrado.

Um belo dia, o homem encontrou seu amor de cabeça aberta, que não apenas aceitava o homem de peito listrado como o ajudava a cuidar das feridas abertas. Os machucados não eram causados pelas listras inchadas em seu peito magro, mas pela indiferença e pelo preconceito que sofria sempre que contava a alguém sobre aquela doença. Dizia que beijos, abraços e carinhos não faziam ninguém ficar com o peito listrado, mas caso o afeto passasse desse limites, apenas precisavam se cuidar, se precaver, com meios que todos sabiam quais eram. O amor de cabeça aberta e o homem de peito listrado andavam sempre lado a lado, faziam os programas que todos os outros faziam, divertiam-se como todos, da mesma forma, e se amavam de forma intensa, com proteção, mas intensidade.

Um belo dia o homem de peito listrado morreu. E o amor de cabeça aberta não sabia o que fazer. Se desesperou, pois nunca tivera uma relação assim, tão bonita. Mas o amor de cabeça aberta já esperava por esse triste fim. E todo dia 1º de dezembro o amor de cabeça aberta tenta conquistar mais e mais pessoas para a sua causa, tenta se espalhar por todos os cantos e cada vez mais as pessoas que antes não suportavam o homem de peito listrado lembram dele com apenas uma fita vermelha. Essa fita vermelha significa que o amor de cabeça aberta vence quando o coração também está aberto.

Previna-se. E ame. Feliz dia do combate à AIDS.