Best seller e blockbuster: cuidado com o preconceito

Há tempos fiz um texto falando sobre best sellers no blog coletivo Os Bloguistas e o quanto eles representam para a editoras e levantando a questão: melhor ler um desses do que ler nada? E há bastante tempo tenho pensado na questão do preconceito que ronda os best sellers. A maioria é bem ruinzinha mesmo, não dá para negar. Mas outros conseguem o título por algum mérito e, mesmo assim, conseguem a antipatia dos intelectuais e dos intelectualóides que os seguem.
Que culpa tem, por exemplo, Khaled Hosseini de ter escrito um livro sobre o Afeganistão quando este virou a bola da vez? Antes dele a literatura do leste já começava a dar frutos controversos, com ele a coisa se multiplicou e pelos prognósticos dos editores, 2008 será o ano do deserto, com muitas traduções que trabalham com o pano de fundo "Islã". Então, preparem-se para ler muito ainda sobre as areias do lado de lá.Best seller vira rapidinho blockbuster. E O Caçador de Pipas (The Kite Runner, EUA, 2007), apesar de futuro blockbuster, é um filme muito bem feito. Em primeiro lugar, não é falado em inglês, mas em persa, o que imprime uma cor muito mais viva no filme. Os atores, todos estão bem, em especial o menino Hassan. A fotografia do Afeganistão (ou melhor, da fronteira entre Afeganistão e China, onde o diretor Marc Foster conseguiu filmar as cenas de desolação afegã) é fantástica e triste. Quem leu o livro, talvez fique um pouco decepcionado com o filme, mas filme de livro é sempre assim: rápido e rasteiro. Que não leu, provavelmente vai se emocionar bastante. São esses filmes e livros que me fazem tomar bastante cuidado com as palavras best seller e blockbuster. Atrás delas podem estar uma pérola entre o lamaçal das indústrias livreira e cinematográfica.