Ziriguidum

Eba! Chegou o Carnaval...
Acho que a única coisa que realmente vale a pena no carnaval é a arte e a alegria dos Sambódromos do Rio e de São Paulo. Apesar de over, as escolas de samba têm o seu trabalho de praticamente um ano inteiro exposto por uma hora e meia, para alegria de todos que participaram dessa luta.
Não, não. Cinco dias de descanso também valem a pena.
Tirando isso, convenhamos: carnaval é uma coisa enlouquecedora. Começa na sexta-feira de carnaval (em geral, abaixo da linha do Vale do Jequitinhonha, pois para cima geralmente o carnaval começa mais cedo [brincadeira, hein]), tudo fica em polvorosa. As gentes na rua, o happy hour, tudo fica insuportavelmente animado. Imaginem, hoje havia o já tradicional trio elétrico da Augusta que, entre as 18h00 e as 23h00, se torna uma das ruas mais movimentadas de São Paulo (no quesito humano e automobilístico). Daí, me botam um trio elétrico com bateria, um fuzuê de gente pra todo lado, mais o barulho dos carros, mais as sirenes das polícias, mais a gritaria num espaço que não possui vazão de som nenhuma. Que gostooooso...
Sábado parece que tudo anda a 5km por hora, pois a ressaca da sexta de carnaval pega bravo esse meu povo brasileiro. A maioria das pessoas já se engarrafou, engalfinhou e estafou nas principais rodovias, em monstruosos congestionamentos que levam à praia. E praia paulista em feriado é sempre assim: pululando de gente e faltando estrutura. Não tem água, não tem pão, não tem espaço na praia. Só o que não falta é bebida. Pelo menos isso. Tem a mulher com seus filhos que cismam de jogar areia para o alto bem onde colocamos nosso guarda-sol e nos refestelamos sob os raios do astro-rei. Tem a galera do futebol, com mira a laser para cima dos que estão tentando descansar à beira mar. Os vendedores de tudo que você pode imaginar. Os pedintes. E da última vez que fui (no Natal), até seresteiro tinha.
Domingo acaba o carnaval em Sampa, começa o carnaval no Rio. Porém, a alegria ainda come solta por aí.
Acabo de lembrar de outra coisa muito boa: nossa capital fica vazia!
Tem coisa melhor que isso? Quando se fica em São Paulo em grandes feriados nacionais, seja por falta de verba ou por vontade de não se estressar com o que comentei acima, ela se torna a melhor cidade do mundo: as pessoas ficam civilizadas, há espaço para todos em tudo que se pretende fazer, sem fila em restaurante, sem corre-corre em cinemas, sem lojas abarrotadas, estacionamentos com vagas para dar e vender, cafés em calmaria delirante. Dá até gosto de morar em Sampa nesses momentos. A pena é que dura até a véspera do fim do feriado, quando a muvuca dispersa começa a voltar à tierra madre.
Como diz a amiga Julia Medrado, o melhor é fazer um hibernaval: alugar muitos filmes, se entocar em casa e pular da cama pro sofá, do sofá pra cama. Outra alternativa: curtir o que a Terra da Garoa tem de melhor e com um plus: sem disputar cabeça-a-cabeça por um lugarzinho.
E vamos lá, galera! Liberou geral no carnaval! (credo... não poderia ter terminado pior)

PS.: Amanhã tem comentário sobre o novo filme da musa bicentenária Bruna Lombardi, com direção do maridão Ricelli (que foi o Nô, em Riacho Grande, e agora tá mais pra Nono Ricelli).

Foto: (Carnaval de 1926)