Bilhetes

Sobre a mesa, num pedaço de papel verde:
"Ontem não consegui, mas acredito que amanhã consiga. Te adoro."
Na geladeira, grudado com imã de restaurante:
"Segunda a gente vê isso. Também te adoro."
Sobre o sofá, numa tarde de quarta-feira, papel de cartão de crédito:
"Não acredito no que você disse. Ainda estou pensando naquilo."
Embaixo do elefantinho de louça, na estante, sobre os CDs:
"Não me leve tão a sério. Sou incorrigível, você sabe. No mais, te adoro."
Num post-it, na porta do banheiro:
"Não me assuste desse jeito. Não consigo viver sem você mais... te adoro."
No mesmo post-it, dobrado, na porta do guarda-roupa:
"Será?"
Num caderno velho de receitas, aberto na mesa de jantar:
"Não duvide de mim. Alguma vez menti pra você? Te vejo à noite... beijos"
No canhoto do estacionamento:
"Olha, mentir não. Mas omitir... lembro de uns cinco (Risos). Hoje à noite eu quero..."
No espaço em branco na revista, ao lado da propaganda de computadores:
"Hoje à noite não posso. Vou trabalhar até mais tarde, vou estar só o esqueleto. Amanhã, talvez..."
...
Na tampa da caixa da pizza de frango com catupiry.
"Acho que é o fim. Me encontra naquele shopping..."