
Diferente das obras da fase revolucionária, a autobiografia de Górki (que em russo significa "Amargo") exibe de forma clara, sem rodeios, a vida que o pequeno Aleksei sofreu: não conheceu brinquedos, nem garotos de sua idade. Cercado de adultos impregnados de ódio e da ânsia pelo dinheiro. Começou tarde os estudos e não gostava nada da escola, pois era preterido por não ser um pequeno burguês. Apesar de todo o sofrimento (inclusive as fortes sessões de espancamento praticadas por seu avô), Górki toma, entre a infância e começo da adolescência, o gosto pelas histórias, fantásticas pelo lado da sua querida avó, reais pelo lado de seu severo avô. A morte também foi uma constante na vida do garoto, que presenciou de perto a Gadanha desfiar almas ao longo do rio Volga.
Na bela tradução de Bóris Schnaiderman, a caixa Górki, da Ed. Cosac Naify, vale a pena. Pela arte de suas capas, uma festa para os sentidos, pelas fotos que acompanham o início dos textos e ambientam a aventura entre samovares e muita neve.