Madonnites

(Erotica, Fever)
Esperei passar a histeria coletiva em torno da musa bicentenária Madonna para fazer comentários, pois fiquei com receio das reações mais absurdas no fervor do desespero de se conseguir um ingresso mísero que seja no site da tal Ticket4Fun (ou, como apelidaram muitos, Ticket4Fuck), sempre congestionado, problemático, doente, alquebrado. Também, como esperar que uma estrutura para suportar o público de outros países menores agüentasse toda a legião GLS (gays, lésbicas e suspeitos), todos os fanáticos por anos 80, todos os emos que acabaram de descobrir a loira, todos os fãs de carteirinha, de chicotinho, de mascarinha e afins do Brasil inteiro (que só tem 180 milhões de habitantes)? E a turma da reclamação tem muita razão ao meter o pau na (falta de) organização, pois quem vem para o Brasil uma vez por século tem que estar preparado para muita, muita gente. 
E nós somos foliões por excelência, diga-se de passagem. 
Tem uma grande amiga, Roberta, que gosta de Madonna. Gosta e ponto. Nem a mais, nem a menos. E não é que ela está mais do que empolgada para ver a tal superprodução da mãe do Rocco e da Lourdinha, comprou ingressos, está fazendo a recapitulação das músicas que conhece, já sabe de cor o CD novo (o dos pirulitos, doces, sei lá). Fanfarrona, quer festar na pista VIP com mais 4.999 pessoas muito importantes que estarão rodeadas de outros milhares de pessoas que não tiveram 600 paus pra pagar um lugar no arco-íris, mas tiveram pra pagar a arquibancada e ver um pontinho amarelo pulando no palco. 
E eu, confesso, não gosto de Madonna. Não tenho nada contra ela, acho uma show woman excepcional, alguém que mirou e acertou no que queria, colhendo os frutos da maneira que foram plantados. Mas não tenho CD algum dela, nem músicas no iPod, nem nada que faça referência, pois não me toca, de modo algum. E isso não significa que não tenha vivido em outro planeta, conheço as músicas, até sei cantar algumas. E gosto muito de uma única musiquinha, Cherish. Porém, na voz de Renato Russo, no CD Stonewall Celetration. Ah, e também gosto de Justify my Love... pela putaria, claro.
De qualquer forma, desejo um ótimo show àqueles que conseguiram um ingresso até o dia de hoje. Se não conseguirem, não fiquem tristes. No próximo século ela volta...