Literatura infantil: desafio nível máximo

"Ah, isso é livro pra criança..."
Ouvir isso com muito desdém é a coisa mais normal do mundo e, vamos combinar, o que esperar de um livro infantil? 

Muito é o que devemos esperar. Muito suor e muita luta pra conseguir escrever pros pequenos, sem isso não se consegue nem uma boa linha. E de pouco vai servir a sapiência e todas as leituras adultas se não houver a entrega a uma outra realidade, que envolve a fantasia, o maravilhoso, tudo muito bem alinhavado com a realidade. Pois se há algum bobo nessa história é o adulto, que não percebe no mundo quanta magia há. Começou, Curso de Formação de Escritores, o módulo Literatura Infantil, com o Prof. Gabriel Perissé, e logo de cara vimos nas discussões que escrever pra criança é, no mínimo, hercúleo. Pois a boa literatura infantil não deve ter esse rótulo, deve ser boa literatura e ponto final (Monteiro Lobato lhe diz alguma coisa?).

Nas duas últimas aulas fizemos leituras e análises de dois livros: A terra dos meninos pelados , do Graciliano Ramos e Alice no País das Maravilhas , de Lewis Carroll. Imaginem, o primeiro é um dos grandes nomes da literatura nacional e o segundo um marco na história da literatura mundial (Carroll era matemático, todo ligado à lógica e, vejam só, criou o Chapeleiro Maluco, a Lebre de Março, a Lagarta...). Sentimos aí que há uma grande responsabilidade na escrita pros pequenos, pois eles não aceitam qualquer coisa, tudo precisa estar bem feito, por mais enlouquecido que seja, tudo deve se encaixar. A fantasia deve ser algo palpável, o pensamento confundente deve ser a linha ideal dessa escrita e para isso, claro, é preciso se entregar. É necessário acreditar naquilo que se escreve, em todas as possibilidades que a imaginação permita a nós, meros adultos. Despojar-se é a palavra de ordem!