Limoeiro

Shalom, Marhaban, corta a maciez do limão
Corta ao meio o coração da mulher que só
busca manter em pé a alma de seu pai
A alma do seu povo
Corta o dedo e goteja o sangue sobre a
Terra Santa, a terra em guerra e a bomba
Explode entre os muros indecentes
E o que vê além?
Uma boca encarnada pronta para o beijo
E olhos tão fundos que espelham a mágoa
Queimada em um tambor, junto com o luto.
Marhaban, Shalom, quando duas mulheres
Tão diferentes se olham e confessam com
Esses olhares tão distintos que são tão-só
Mulheres que querem ser mais
Mas a sombra daquele muro injusto
Daquele muro feio
Faz com que elas se percam, deixem o lar
Ou assumam a força que havia fugido há tanto.
Mulheres de Israel, mulheres da Palestina
Cortem seus limões e sorvam o sumo
Derramem o suco tão fresco nos lábios
E enterrem o medo de seguir em frente
Em busca de liberdade
Em busca de irmandade
Em busca de si próprias.
(Fiz esse pequeno texto após ver o DVD Lemon Trees, do diretor Eran Riklis, sobre uma mulher que tem suas raízes ameaçadas pelo corte sua plantação de limões. Lindo, sensível, verdadeiro. Vale a pena!)