
Rebeldes tem como pano de fundo uma Hungria invadida pelos fantasmas da Primeira Grande Guerra, onde a ida para o front quase não se apresenta como opção, mas como obrigação para os húngaros da época. Márai consegue montar esse cenário com maestria, inclusive com os costumes e a decadência burguesa atrelada à guerra, como vi apenas feito por Thomas Mann em Os Budenbrooks (Nova Fronteira, Trad. de Herbert Caro), no qual a história da decadência da sociedade reflete-se diretamente na decadência da família Budenbrook. Também há um retrato da juventude, mas não a daquela época, mas uma juventude universal: período de descobertas e aventuras, sempre na contramão. No livro, quatro jovens (e mais um não tão jovem que se junta ao grupo) ingressam na adolescência e montam o que chamam de "bando", com a rebeldia característica dos jovens, ditando suas próprias regras e encarando os adultos como algozes. Tentam a todo o momento provar sua bravura e suas qualidades perante o grupo que muitas vezes contradizem os ditames sociais. A descoberta do erotismo, do amor e da amizade são concorrentes a outros achados menos nobres, como a traição, a inveja e a maldade. Bom livro, ótima tradução: eu recomendo!