De twitter e cerejeiras



Hoje rolou uma discussão bem bacana no twitter quando postei lá o seguinte:

"Abraços Partidos ou Cerejeiras em Flor, eis a questão..."

O primeiro, filme de Almodovar com a bela Penélope Cruz e o segundo, menos glamuroso, uma produção alemã que participou da Mostra de Cinema deste ano e, muito provavelmente pela qualidade do filme, entrou em cartaz. A dúvida me balançou quase até o último minuto, tendo como base apenas opiniões amigas e leituras de resenhas nos guias de fim de semana dos jornais e críticas na Internet. No fim das contas, a escolha foi pelo segundo, não apenas pelo apelo germânico, mas pela história singela.
Pelo que li da diretora de Hanami - Cerejeiras em Flor (Hanami - Kirchblüten, Alemanha/França), Doris Dörrie, ela ficou famosa com comédias nos anos 80 nas quais satirizava a condição do homem (Dinheiro, Dinheiro, Dinheiro ou Elas me querem). Hoje, mais madura, trata da velhice sem rodeios e com muita realidade. Hanami é um filme sutil, sem grandes arroubos nem frases de efeito, mas seus diálogos mais que verdadeiros mostram uma realidade bastante crua e fiel. Os acontecimentos do filme me levaram a pensar diversas vezes naquilo que deixo de fazer muitas vezes por falta de costume: dizer o quanto as pessoas são importantes para mim, sem saber que pode ser tarde demais para dizer.

Parece autoajuda, mas não é.

Rudi e Traudi vivem nos confins da Baviera e têm três filhos: o pai de duas filhas Klaus e a lésbica Karo moram em Berlim, Karl mora no Japão. Rudi trabalha em uma empresa de reciclagem de lixo, Traudi é a típica dona de casa alemã. Ao descobrir que o marido tem uma doença grave, Traudi leva o marido para Berlim a fim de visitar os dois filhos que estão mais próximos, sempre tentando avivar a memória do filho que mora na Terra do Sol Nascente para que a família se complete, o que irrita os seus outros dois filhos, tão ausentes e "sem tempo" para seus pais. Quem acaba ciceroneando Rudi e Traudi é Franzi, a namorada de Karo. Até que o casal de senhores resolve prosseguir viagem, para o Báltico e lá o inesperado: Traudi morre. Então o filme recomeça, com Rudi buscando recuperar o amor de sua falecida mulher. Segue para o Japão para viver um tempo com seu filho Karl, um executivo que não tem tempo para nada. Perdido entre ideogramas, Rudi se vê cada vez mais próximo das lembranças de sua mulher, cometendo loucuras e desvarios em nome de seu amor. Até que conhece a menina Yu, dançarina de butô, que o leva numa viagem ao mundo mágico do butô, ao encontro de sua Traudi.

Curiosidade (quase boba): esse foi um dos filmes que perdeu de Tropa de Elite no Festival de Cinema de Berlim. Entretanto, ganhou o Prêmio de Cinema da Baviera (Melhor Filme, Melhor Ator) e o Prêmio do Cinema Alemão (Melhor Filme - Lola de Prata -, Melhor Ator, Melhor Figurino), além de outros fora da Alemanha.